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Na
lógica e na
retórica, uma
falácia é um
argumento logicamente inconsistente, sem fundamento, inválido ou falho na capacidade de provar eficazmente o que alega. Argumentos que se destinam à
persuasão podem parecer convincentes para grande parte do público apesar de conterem falácias, mas não deixam de ser falsos por causa disso.
Reconhecer as falácias é por vezes difícil. Os argumentos falaciosos podem ter validade emocional, íntima, psicológica, mas não validade lógica. É importante conhecer os tipos de falácia para evitar armadilhas lógicas na própria argumentação e para analisar a argumentação alheia.
Tipologia das falácias
Quando se considera essencial o que é apenas acidental.
Ex.: A maior parte dos políticos é corrupta. Então a política é corrupta.
Tomar uma exceção como regra.
Ex.: Se deixarmos os doentes terminais usarem
heroína, devemos deixar todos usá-la.
Essa falácia ocorre quando se tenta construir um argumento condicional que não está nem do
modus ponens (afirmação do antecedente) nem do
modus tollens (negação do consequente). A sua forma categórica é:
Ex.: Se há
carros, então há
poluição. Há poluição. Logo, há carros.
Carros são uma causa para poluição, não a única causa.
Essa falácia ocorre quando se tenta construir um argumento condicional que não está nem do
modus ponens (afirmação do antecedente) nem do
modus tollens (negação do consequente). A sua forma categórica é:
Ex.: Se há carros, então há poluição. Não há carros. Logo, não há poluição.
Carros são uma causa suficiente para poluição, não a única causa.
Ocorre quando as premissas usadas no argumento são ambíguas devido à má elaboração
sintática.
Ex.:
- Venceu o Brasil a Argentina.
- Ele levou o pai ao médico em seu carro.
Quem venceu? Que carro?
Fazer afirmações recorrendo a autoridades sem citar a fonte.
Ex.: Os peritos dizem que a melhor maneira de prevenir uma
guerra nuclear é estar preparado para ela.
Que peritos?
Recorrer à emoção para validar o argumento.
Ex.: Apelo ao
júri para que contemple a condição do
réu. Um homem sofrido que agora passa pelo transtorno de ser julgado em
tribunal.
Argumentar que o novo é sempre melhor.
Ex.: Na
filosofia,
Sócrates já está ultrapassado. É melhor
Sartre, pois é mais recente.
Afirmar que algo é verdadeiro ou bom porque é antigo ou "sempre foi assim".
Ex.: Se o meu
avô diz que
Garrincha foi melhor que
Pelé, deve ser verdade.
Provocar a vaidade do oponente para vencê-lo.
Ex.: Não acredito que uma pessoa culta como você acredita nesta teoria.
Associar valores morais a uma pessoa ou coisa para convencer o adversário.
Ex.: Uma pessoa religiosa como você não é capaz de argumentar racionalmente comigo.
A pessoa é estigmatizada.
Ridicularizar um argumento como forma de derrubá-lo.
Ex.: Se a
teoria da evolução fosse verdadeira, significaria que o seu tataravô seria um
gorila
Utilização de algum tipo de privilégio, força, poder ou ameaça para impor a conclusão.
Ex.: Acredite no que eu digo, não se esqueça de quem é que paga o seu
salário.
Considerar uma
premissa verdadeira ou falsa conforme sua consequência desejada.
Ex.:
- Se Deus existe, então temos direito à vida eterna. Cobiçamos a vida eterna. Então Deus existe.
- Se Deus não existe, não precisamos temer punições no pós-vida. Não cobiçamos penas no pós-vida. Então, Deus não existe.
A premissa é válida porque a conclusão nos agrada.
Essa falácia é a de acreditar que
dinheiro é fator de estar correto. Aqueles mais ricos são os que provavelmente estão certos.
Ex.: O
Barão é um homem vivido e conhece como as coisas funcionam. Se ele diz que é bom, há de ser.
Em vez de o argumentador provar a falsidade do enunciado, ele ataca a pessoa que fez o enunciado.
[1] [2]
Ex.: Se foi um
burguês quem disse isso, certamente é engodo.
Tentar provar algo a partir da ignorância quanto à sua validade.
Ex.: Ninguém conseguiu provar que Deus existe, logo ele não existe.
Ou o contrário,
Ex.: Ninguém conseguiu provar que Deus não existe, logo ele existe.
Desqualificar uma afirmação como absurda, mas sem provas.
Ex.: João, ministro da
educação, é acusado de
corrupção e defende-se dizendo: 'Esta acusação é um disparate'.
Baseado em quê?
Oposto ao
ad Crumenam. Essa é a falácia de assumir que, apenas porque alguém é mais pobre, então é mais virtuoso e verdadeiro.
Ex.: Joãozinho é pobre e deve ter sofrido muito na vida. Se ele diz que isso é uma cilada, eu acredito.
Apelar ao
medo para validar o argumento.
Ex.: Vote no candidato tal, pois o candidato adversário vai trazer a
ditadura de volta.
Consiste no recurso à piedade ou a sentimentos relacionados, tais como solidariedade e compaixão, para que a conclusão seja aceita, embora a piedade não esteja relacionada com o assunto ou com a conclusão do argumento. Do argumento
ad misericordiam deriva o
argumentum ad infantium - "Faça isso pelas crianças". A emoção é usada para persuadir as pessoas a apoiar (ou intimidá-las a rejeitar) um argumento com base na emoção, mais do que em evidências ou razões.
[3][4]
É a aplicação da repetição constante e a crença incorreta de que, quanto mais se diz algo, mais correto está.
Ex.: Se Joãozinho diz tanto que sua ex-namorada é uma mentirosa, então ela é.
É a tentativa de ganhar a causa por apelar a uma grande quantidade de pessoas.
Ex.: Inúmeras pessoas acreditam em Deus, portanto Deus existe.
Recorrer ao
meio-termo sem razão.
Ex.: Não temos
relógio, mas alguns estão dizendo que são dez
horas e outros dizem que são seis horas, então é mais acertado supor que são oito horas.
Argumentação baseada no apelo a alguma
autoridade reconhecida para comprovar a premissa.
Ex.: Se
Aristóteles disse isto, então é verdade.
- Argumentum verbosium (prova por verbosidade):
Tentativa de esmagar os envolvidos pelo
discurso prolixo, apresentando um enorme volume de material. Superficialmente, o argumento parece plausível e bem pesquisado, mas é tão trabalhoso desembaraçar e verificar cada fato comprobatório que pode acabar por ser aceite sem ser contestado.
Elaborar uma sucessão de premissas e conclusões que conduzem ao absurdo.
Ex.: Se aprovarmos leis contra as
armas automáticas, não demorará muito até aprovarmos leis contra todas as armas e então começaremos a restringir todos os nossos
direitos. Acabaremos por viver num
estado totalitário. Portanto não devemos banir as armas automáticas.
Argumentar partindo do pressuposto de que o oponente já está comprovadamente errado.
Ex.:
- Você está dizendo que a Bíblia é correta? Nem vou discutir com você, parei. Sabemos que a ciência comprovadamente explica tudo corretamente.
- Se você não acredita que a Bíblia é infalível, já perdeu o argumento, pois é óbvio que ela é.
É egocentrismo ideológico.
Supervalorizar uma causa quando há várias, ou um sistema de causas.
Ex.: O acidente não teria ocorrido se não fosse a má localização do arbusto.
Houve muitas outras causas.
Apontar uma causa irrelevante.
Ex.: Fumar causa a poluição do ar em Edmonton.
A causa maior é a poluição industrial e dos automóveis.
Proclamar vitória, dando a entender que venceu a discussão, sem ter conseguido realmente apresentar bons argumentos.
Obter uma conclusão com que nem todos concordam.
Ex.: A
lei deve estipular um sistema de cotas nas
eleições para que as
mulheres possam ocupar mais cargos políticos. Os cargos são dominados por homens e não fazer algo para mudar essa situação é inaceitável. Necessitamos de uma
sociedade mais
igualitária.
Definir um termo usando o próprio termo que está sendo definido.
Ex.: A Bíblia é a Palavra de Deus porque ela diz que é.
Definir algo com termos que se contradizem.
Ex.: Para serem livres, submetam-se a mim.
Ex.: Uma
maçã é um objeto vermelho e redondo.
Mas o planeta
Marte também é vermelho e redondo.
Ex.: Uma
maçã é um objeto vermelho e redondo.
Mas há maçãs que não são vermelhas.
Definir algo em termos imprecisos ou incompreensíveis.
Ex.: Vida é a
borboleta sublime que bate suas asas dentro de nós.
Responder a questões sem solução com explicações sobrenaturais e/ou que não podem ser comprovadas.
Ex.: Os passageiros do avião sobreviveram porque Deus interveio no acidente.
Ocorre quando uma regra geral é aplicada a um caso particular onde a regra não deveria ser aplicada.
Ex.: Se você matou alguém, deve ir para a cadeia.
Não se aplica a certos casos.
- Generalização apressada (falsa indução):
É o oposto do
Dicto simpliciter. Ocorre quando uma regra específica é atribuída ao caso genérico.
Ex.: Minha
namorada me traiu. Logo, as mulheres tendem à
traição.
Mascarar os verdadeiros fatos.
Ex.: O segredo da minha força são os
cabelos.
É omissão de informação.
Realizar um argumento de forma parcial e tendenciosa.
Ex.: O
comunismo é o ideal, pois
Trotsky disse que...
Acentuar uma palavra para sugerir o contrário.
Ex.: Hoje o
capitão estava sóbrio (sugerindo embriaguez).
Usar uma afirmação com significado diferente do que seria apropriado ao contexto.
Ex.: Os
assassinos de
crianças são desumanos. Portanto, os
humanos não matam crianças.
Joga-se com os significados das palavras.
Validar um argumento por sua beleza estética ou pela elegância do argumentador.
Ex.:
Trudeau sabe dirigir as massas. Ele deve ter razão.
Refere-se a uma evidência informal na forma de anedota (conto, episódio, derivado do grego
anékdota, significando 'coisas não publicadas'), ou de "ouvir falar". A evidência anedótica é chamada de testemunho.
Ex.: Há provas abundantes de que Deus existe e de que continua produzindo milagres hoje. Na semana passada, li sobre uma menina que estava morrendo de câncer. Sua família inteira foi à igreja e rezou e ela se curou.
Ex.: As pessoas tornam-se
esquizofrênicas porque as diferentes partes dos seus
cérebros funcionam separadas.
Usar classificações para tirar conclusões.
Ex.: A minha
gata Elisa gosta de
atum porque é uma gata.
Fazer uma afirmação sobre uma característica de um grupo e, quando confrontado com um exemplo contrário, afirmar que este exemplo não pertence realmente ao grupo.
Ex.:
- Nenhum escocês coloca açúcar em seu mingau.
- Ora, eu tenho um amigo escocês que faz isso.
- Ah, sim, mas nenhum escocês
de verdade coloca.
Oposto da falácia de composição. Supõe que uma propriedade do todo é aplicada a cada parte.
Ex.: Você deve ser
rico, pois estuda em um
colégio de ricos.
É o fato de concluir que uma propriedade das partes deve ser aplicada ao todo.
Ex.: Todas as peças deste
caminhão são leves; logo, o caminhão é leve.
- Falácia da pressuposição :
Consiste na inclusão de uma pressuposição que não foi previamente esclarecida como verdadeira, ou seja, na falta de uma premissa.
Ex.: Você já parou de bater na sua
esposa?
É uma pergunta maliciosa.
Avaliar algo ou alguém com critérios genéricos, dando a entender que essa avaliação é individual.
Consiste em criar ideias reprováveis ou fracas, atribuindo-as à posição oposta.
Ex.:
- Deveríamos abolir todas as armas do mundo. Só assim haveria paz verdadeira.
- Meu adversário, por ser de um partido de esquerda, é a favor do comunismo radical e quer retirar todas as suas posses, além de ocupar as suas casas com pessoas que você não conhece.
O outro é convertido num monstro, um espantalho.
Consiste em aprovar ou desaprovar algo baseando-se unicamente em sua origem.
Ex.: Você gosta de
chocolate porque seu antepassado do
século XVIII também gostava.
Aponta-se a causa remota como o fator de validade.
Consiste na crença de que uma questão pode ser resolvida simplesmente dando-lhe um novo nome, quando na realidade, a questão permanece sem solução.
Consiste na declaração de vitória, servindo-se de respostas fracas ou incompletamente respondidas pelo adversário, quando efetivamente os argumentos próprios não provaram logicamente a posição. É semelhante à do pombo enxadrista.
- Falácias tipo "A" baseado em "B" (outro tipo de conclusão sofismática):
Ocorrem dois fatos. São colocados como similares por serem derivados ou similares a um terceiro fato.
Ex.:
- O islamismo é baseado na fé.
- O cristianismo é baseado na fé.
- Logo, o islamismo é similar ao cristianismo.
É uma falsa aplicação do princípio do
silogismo.
Afirma que, apenas porque dois eventos ocorreram juntos, eles estão relacionados.
Ex: Nota-se uma maior frequência de erros de
português em sala de aula desde o início das
redes sociais e o uso do
internetês. O advento das redes sociais vem degenerando o uso do português correto.
Falta mostar uma pesquisa que o comprove.
Também conhecida como falácia do branco e preto ou do falso dilema. Ocorre quando alguém apresenta uma situação com apenas duas alternativas, quando de fato outras alternativas existem ou podem existir.
Ex.: Se você não está a favor de mim, então está contra mim.
Consiste em utilizar argumentos que podem ser válidos para chegar a uma conclusão que não tem relação alguma com os argumentos utilizados.
Ex.: Os
astronautas do
Projeto Apollo eram bem preparados, todos eram excelentes
aviadores e tinham boa formação acadêmica e intelectual, além de apresentarem boas condições físicas. Logo, foi um processo natural os
EUA ganharem a
corrida espacial contra a
União Soviética, pois o
povo americano é superior ao
povo russo.
Só a conclusão é discutível.
Construir um raciocínio com premissas contraditórias.
Ex.: John é maior do que Jake e Jake é maior do que Fred, enquanto Fred é maior do que John.
Qual é maior?
Consiste em mentir ou formular informações imprecisas.
Ex.: A causa da
gripe é o
consumo de
arroz.
Considerar um efeito como uma causa.
Ex.: A propagação da
SIDA foi provocada pela
educação sexual.
Quando o argumentador transfere ao seu opositor a responsabilidade de comprovar o argumento contrário, eximindo-se de provar a base do seu argumento.
Lembrando que o ônus da prova inicial cabe sempre a quem faz a afirmação primária positiva.
Ex.:
Dragões existem, porque ninguém conseguiu provar que eles não existem.
No caso acima, o ônus da prova recairá sobre quem fez a afirmação de que dragões existem.
Ex.:
Dragões não existem porque ninguém conseguiu provar que eles existem.
Ausência de evidência não significa evidência de ausência, no entanto o ônus da prova permanece subentendido para quem afirma que dragões existem, enquanto não houver a defesa da tese primária positiva, pois não é necessário nem possível provar que algo não existe se não há demonstração positiva de que exista.
Tipo de falácia na qual a conclusão não se sustenta nas
premissas. Há uma violação da coerência textual.
Ex.: Que nome complicado tem este
futebolista. Deve jogar muita bola.
Insinuação por meio de pergunta.
Ex.: Apoias a liberdade e o direito de andar armado?
São duas peguntas numa só.
Demonstrar uma tese partindo do princípio de que já é válida.
Ex.: É fato que a Bíblia é infalível, portanto todos devem buscar nela a verdade.
A premissa foi tomada como verdadeira sem prova.
Ocorre quando se exige uma resposta simples a uma questão complexa.
Ex.: O que faremos com esse
criminoso? Matar ou prender?
É um falso dilema.
Consiste em dizer que, pelo simples fato de um evento ter ocorrido logo após o outro, eles têm uma relação de causa e efeito. Porém,
correlação não implica
causalidade.
Ex.: O
Japão rendeu-se logo após a utilização das bombas atômicas por parte dos EUA. Portanto, a
paz foi alcançada devido à utilização das
armas nucleares.
1. ESCREVA A SUA CONCLUSÃO.
2.ESCOLHA UM TIPO DE FALÁCIA PARA APRESENTAR NA SALA PARA A TURMA.